segunda-feira, janeiro 08, 2007

"Rio porque me lembro de quando íamos para o sítio de carro com meus pais, eu e minha irmã no banco traseiro. Curva para o lado, e eu jogava o corpo para cima dela, fazendo "ôôôôôôôô". Curva para o lado dela, e era ela que caía para cá: "ôôôôôôôô". A lembrança me bate com tanto força que chego a sentir o cheiro da cabeça da minha irmã, que ela dizia que era do cabelo, e eu dizia que era da cabeça, porque ela mudava de shampoo e o cheiro continuava o mesmo, e ela dizia que eu era criança e confundia tudo, mas eu tinha certeza que aquele cheiro era da cabeça dela, então ela me perguntava como era o cheiro, e eu perdia a graça porque não sabia explicar um cheiro, daí ela dizia "tá vendo", mas na verdade é que nunca esqueci, já cheirei a cabeça de muitas mulheres e nunca senti nada igual."

Extraído de Estorvo, F.B de Holanda. págs 69-70.