quarta-feira, novembro 22, 2006

Gritos da mega-metrópole. Indo para casa.

Escuro. Escuro me encontro quando recebo uma visita inesperada. Poderia ser um espírito, uma carta, um encosto, mas o que vejo está mais para boneco de macumba do que qualquer outra coisa que eu pensara. Batendo no vidro fumê ele fala:
- Ô Tio! Me dá um trocado ai, véi!
Véi?! O que é isso? Que modos são esses de falar?
Algum tempo batendo, e ele se toca que não há ninguém lá, ou melhor, aqui, dirigindo o carro, no entanto, com um dom transcendental de visualizar espíritos, ele puxa seu revolver, e me faz abaixar o vidro do carro, e antes que qualquer paranormal diga que isso foi marmelada, ele me leva o celular.
Calor. Por mais frio que o ar-condicionado esteja. Aperreio. Verde, lá no fim. Quando meu carro se move, vermelho de novo, um quilometro, frio, agora frio? Quando queria não tinha, olho para o relógio, imensidão, duas horas de atraso, imensidão de carros, eu perdido neles
Sinal verde, outra chance, rezo para que sim, espero, espero... é espero de novo. Vermelho, o carro da frente sai. O que era uma simples diversão, tornou-se necessidade: palavras cruzadas.
Buzinas, buzinas, o carro do lado trancou-me, verde sinal, agora vai... Vai... Vai... Quando está chegando... Vermelho de novo. Sem celular, o menino levou, sem susto um novo assalto atrás.
Cansaço, agonia, raiva, raiva por esperar, raiva por está naquele fim de mundo, esperando uma vaga para sair. Palavras cruzadas... Inventor da luneta com 14 letras... G-A-L-I-L-E-O-G-A-L-I-L-E-I... Merda! É Galileu, com “U”.
O guarda pára, me vê:
- Você estacionou em cima da faixa de pedestres, você está cego, eh?!
- Não, Seu Guarda, me desculpe, não farei mais isso.
- Não, não, num se preocupe não, tome aqui o papelzinho e depois a gente se ajeita.
- Ahn?
R$ 50,00. Multa.
Esperando para passar não tem ninguém, ninguém, o sinal abre aparece gente, com o sinal aberto, o guarda pára e deixa as pessoas passarem; elas, coitadas, vão tirar o pai da forca, não podem esperar dois minutos enquanto o sinal se abre.
“Passa, passa, passa logo!”
Sinal vermelho, mais tempo de espera.
Uma ambulância aparece lá atrás, quer passar, tem um doente, mais buzinas, um pandemônio, o mundo vai estourar os meus ouvidos, muita movimentação, agonia, mais agonia, e ali sempre tem um carro que toque, para finalizar o enredo, o cazá-cazá do Sport Club do Recife.



31/10/2006